quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Istambul - Lua-de-mel - parte 3

Em nosso segundo dia em Istambul, saímos pela manhã para visitar a Cisterna da Basílica, também situada em Sultanahmet, região em que ficamos hospedados. É um passeio absolutamente imperdível (e rapidinho também).


É a maior das dezenas ou centenas de cisternas construídas em Istambul durante a época bizantina e se encontra perto da Hagia Sophia. Foi construída por ordem do Imperador Justiniano em poucos meses, no ano 532, utilizando 336 colunas romanas de mármore para sustentar o teto, procedentes de templos pagãos da Anatólia. Ocupa uma área de 9.800 m², com 140 m de comprimento, 70 m de largura e 9 m de altura, com capacidade para armazenar 100.000 toneladas de água! Caraca, maluco, é água que não acaba mais!

Fotos by Mr. Guerra.

Duas cabeças de Medusa compõem o cenário subterrâneo e aumentam a aura de mistério do lugar, já que não se sabe de onde as duas esculturas foram tiradas, e muito menos a razão de estarem na posição em que se encontram: uma de cabeça para baixo e outra de lado! A maior parte dos pesquisadores acredita que elas foram trazidas simplesmente para serem usadas como base de colunas. Explicação que, claro, não convence muita gente. Dos diversos mitos que circulam as cabeças de Medusa, vou contar o meu preferido. 


Medusa era uma linda jovem, orgulhosa de seus olhos negros e longos cabelos, que se apaixonou por Perseu, filho de Zeus. Bem, nós todos já sabemos que nunca foi uma boa ideia as mortais se apaixonarem por deuses gregos, mas naqueles tempos as moças ainda não tinham virado lenda e se arriscavam. Acontece que Athena, a tal deusa protetora da cidade que leva seu nome, também estava apaixonada pelo mesmo bofe. E deusas gregas ciumentas simplesmente não sabiam competir e já apelavam pra feitiçaria cruel e irreversível.

Athena transformou os lindos cabelos da rival Medusa em serpentes e, a partir daquele momento, qualquer pessoa para quem Medusa olhasse se transformava em pedra. Não bastasse essa tragédia que se abateu sobre a vida da moça (e você aí achando que já se ferrou por gostar do cara errado um dia), seu amado Perseu cortou-lhe a cabeça, aproveitando-se de seu poder para se defender de seus inimigos e desafetos. Graças a esse mito, as cabeças de Medusa eram colocadas viradas pelos bizantinos, a fim de evitar que quem lhes olhasse fosse transformado em pedra.

O povo faz fila pra tirar foto das cabeças de Medusa.
 Até hoje não registrou nenhuma ocorrência de turista transformado em pedra no local.

A cisterna foi utilizada até finais do século XIV, quando os Otomanos, que conquistaram Istambul em 1453 e curtiam mais água corrente do que parada, instalaram seu próprio sistema de abastecimento de água e abandonaram o gigantesco reservatório. Ele permaneceu esquecido por séculos, até ser redescoberto por P. Gyllius, um viajante holandês, por volta de 1500. Ele havia ouvido histórias de pessoas usando baldes para tirar água de buracos no porão de suas casas. O mais surpreendente é que os baldes vinham com peixes! Ninguém tem certeza de como P. Gyllius conseguiu acessar a cisterna. Presume-se que ele se contorceu através de um desses buracos. Logo as autoridades da cidade se envolveram no processo de restaurar os grandes pilares e colunas.


Mas foi somente entre 1985 e 1987 que, após a retirada de 50.000 toneladas de lama e a instalação de plataformas, a cisterna foi finalmente aberta para visitação, impressionando pessoas do mundo todo com sua admirável arquitetura, os peixes que voltaram a nadar em suas águas e, claro, as Medusas!

Até o agente 007 já deu uma passeadinha pela cisterna, que foi usada como cenário para o filme From Russia with Love, de 1963.


Beijos!

Um comentário:

Leticia disse...

Detalhes da linda Instambul! Aaah, que delícia, sis!