Antes de me atirar nos relatos do casamento (doida para contar todos os detalhes), vou terminar de contar sobre a lua-de-mel, para manter uma certa lógica na sequência aqui, rs.
Acho que já comentei algo sobre o Best Point Hotel no post anterior. Bem localizado, em Sultanahmet, lugar que considero o melhor para ficar em Istambul. Aqui, algumas fotos da nossa suíte, feitas por Mr. Guerra (clique para ampliar):
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Sim, a malinha explodindo ali no canto é a minha. |
O cansaço da primeira noite mal dormida em razão do fuso horário passou quando chegamos ao terraço do hotel, onde é servido o farto café-da-manhã, com vista para o Mar de Mármara. Compensa totalmente os 5 andares de escada para chegar até lá. Recomendo que pessoas com dificuldade de mobilidade pesquisem muito bem os hotéis, pois a maioria, pelo menos em Sultanahmet, não tem elevador. Aliás, a ausência de rampas e elevadores na maior parte da cidade e nas principais atrações turísticas torna Istambul uma cidade meio difícil para pessoas com problemas dessa natureza.
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Vista do terraço do nosso hotel, onde é servido o café da manhã. |
Em nosso primeiro dia, conhecemos a famosa Hagia Sophia, ou Basílica de Santa Sofia. Ao contrário do que pode parecer, o edifício, construído entre 532 e 537 pelo Império Bizantino para ser a catedral de Constantinopla (atualmente Istambul), não foi erigido em homenagem à Santa Sofia. Na verdade, Sophia é a transliteração fonética em latim da palavra grega para "sabedoria" (como bem sabem os apaixonados por filosofia, ou pelo menos quem leu "O Mundo de Sofia", rs). O nome completo da igreja em grego é "Igreja da Santa Sabedoria de Deus".
O lindo edifício foi a maior catedral do mundo por quase mil anos, até que a Catedral de Sevilha fosse completada em 1520. Construído por ordem do imperador bizantino Justiniano I, foi a terceira igreja de Santa Sofia a ocupar o local, as duas anteriores tendo sido destruídas em revoltas civis.
Entre 1204 e 1261, a igreja foi convertida para uma catedral católica romana, durante o Patriarcado Latino de Constantinopla, após o saque da capital imperial pela Quarta Cruzada, retornando à sua função original até 1453, quando Constantinopla foi conquistada pelo Império Otomano. O sultão Mehmed II ordenou que o edifício fosse convertido numa mesquita, removendo-se os símbolos sagrados e cobrindo diversos mosaicos com emplastro. Nesse período, adicionaram-se diversas características islâmicas - como o mihrab, o minbar e os quatro minaretes.
Ela permaneceu como mesquita até 1931, quando Kemal Atatürk, fundador da República da Turquia, ordenou que fosse secularizada. Permaneceu fechada ao público por quatro anos e reabriu em 1935, já como museu. Não obstante, os mosaicos coloridos remanesceram emplastrados na maior parte, e o edifício deteriorou-se. Uma missão da UNESCO em 1993 notou queda do emplastro, revestimentos de mármore sujos, janelas quebradas, pinturas decorativas danificadas pela umidade e falta de manutenção na ligação da telhadura. Desde então a limpeza, a telhadura e a restauração têm sido empreendidas. Os excepcionais mosaicos do assoalho e da parede, que estavam cimentados desde 1453, agora são escavados gradualmente.
É um lugar muito bonito, cheio de história e a visita com certeza vale a pena.
Bem em frente à Hagia Sophia fica a Mesquita Azul (ou Mesquita de Sultan Ahmet), construída entre 1609 e 1616. É a única mesquita de Istambul que possui seis minaretes. Esse fato causou escândalo na época, pois as mesquitas deveriam ter no máximo quatro minaretes, exceto a mesquita da Caaba, em Meca, que tinha seis. O problema foi resolvido com a construção de um sétimo minarete na Caaba.
A Mesquita Azul, construída em um estilo clássico otomano, é um edifício de rara beleza. No local, havia um palácio construído pelos imperadores Bizantinos. Em 1606, o sultão Ahmed I, morrendo de invejinha da Santa Sofia, decidiu construir uma mesquita maior, mais imponente e mais bonita do que a antiga igreja.
O interior da mesquita foi revestido com azulejos azuis da cidade de Iznik. Na época da construção, Ahmed I, muito esperto, decretou um preço fixo para os azulejos, a fim de manter o custo da construção estável. Não há figuras no interior da Mesquita pois os muçulmanos não cultuam imagens.
Ao entrar na Mesquita é necessário tirar os sapatos, o que certamente justifica o aroma de chulé "ardido", nas palavras de Mr. Guerra. Não é permitido entrar de short, minissaia, bermuda, regata ou alcinhas. Eu estava com um vestido que cobre os ombros e cujo comprimento é um pouco abaixo dos joelhos, por isso só precisei cobrir os cabelos com um lenço que eu mesma havia levado. Quem pretende visitar o interior da mesquita com trajes inapropriados precisa usar lenços fornecidos pelos funcionários da mesquita.
Visitamos também um edifício logo ao lado da Mesquita Azul, que é onde ficam os túmulos do Sultan Ahmed e sua família. As paredes internas impressionam pela riqueza de detalhes.
Nossa última visita foi ao Palácio Topkapi, e ao parque onde ele está localizado, que também fica próximo dos dois pontos anteriormente descritos. Topkapı significa "porta do canhão". O Palácio foi construído por Mehmet II, logo após a conquista de Constantinopla, em 1453, e foi a residência dos sultões por três séculos.
Atualmente o Palácio é dividido em várias salas de exposição com objetos de ouro, prata, cerâmica, miniaturas, roupas e relíquias sagradas para os muçulmanos, como os pelos da barba e a marca do pé do profeta Maomé. Sinto que posso utilizar a expressão "pelas barbas do profeta" com muito mais propriedade agora que estive junto a elas. Não temos fotos do interior das salas de exposição, porque não é permitido filmar ou fotografar.
À noite jantamos num dos inúmeros restaurantes com terraço com vista para o mar ou para a cidade em Sultanahmet e chegamos ao hotel esgotados. Embora os três pontos visitados sejam próximos uns dos outros, é tudo muito grande, caminhamos bastante. Logo conto mais!
Beijos!